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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Resenha: Uma releitura do papel da professora das séries iniciais no desenvolvimento e aprendizagem de ciências das crianças.


“O sujeito que aprende é aquele que se dispões a significar o mundo e confrontar suas explicações com a dos outros” (pg. 171)

A frase destacada do texto é na verdade um conceito, uma perspectiva de educação que todo o texto é baseado. O que os professores sabem? O que os professores devem saber? O que deve ser ensinado no ensino de ciências nas séries iniciais? Essas são as principais perguntas das pesquisas de ensino e formação de professores no ensino de ciências. Segundo os autores devemos mudar o foco dessas perguntas e nos perguntamos em que consiste ensinar ciências e como que objetivo se ensina ciências para as crianças.

No texto são destacadas duas concepções de educação, que geram consequentemente, duas formas de analisar o ensino, de formar professores e de práticas pedagógicas. A concepção behaviorista, comportamental, surge a partir dos anos 60 e acredita na educação como uma relação de processo e produto, na medida em que avalia o ensino pela ação docente e na aprendizagem do aluno. A partir dos anos 80, as pesquisas passam a ter um enfoque cognitivista, que busca compreender as inúmeras estratégias de ensino na pratica dos próprios professores, para que em sua formação façam um diálogo sobre elas.

A maioria das pesquisas sobre o ensino de ciências nas séries iniciais acredita que o conhecimento dos professores é escasso, buscando recursos mecanicistas e sem valor dentro das salas de aula, deixando de lado atividades experimentais que geram diálogo e questionamento dos conteúdos. Algumas pesquisas acreditam que os problemas metodológicos das aulas provêm da falta de confiança dos professores, por eles não terem conhecimentos sobre ciência, e dessa forma, dão uma formação com enfoque nos conteúdos do ensino de ciências. Mas só ensinar ciências para os professores vai melhorar o ensino? Há pesquisas que indicam não existe muita diferença de aprendizagem entre as aulas de professores generalistas e especialistas, mas há também pesquisas que indicam que professoras com conhecimento escasso são capazes de ensinar seus alunos de maneira satisfatória.

Segundo os autores não é o conhecimento do conteúdo que faz com que os professores sejam capazes de ensinar, acreditam que as pesquisas devem focar seus estudos no que os professores já conhecem e precisam ampliar, ao em vez de ficar ressaltando o não saber. A partir da concepção de educação sócio-interacionista de Vygotsky, os autores acreditam que o papel do professor deve ser o de mediar o processo de aprendizagem dos alunos, possibilitando o conhecimento de conceitos científicos a partir de conceitos cotidianos. Assim, os professores das séries iniciais não tem que ter conhecimentos específicos sobre ciências, mas devem ter saberes sobre “o mundo das crianças e de seus modos de pensar, dizer e aprender” (pg. 170). Somente a partir desses saberes os professores poderão fazer intervenções interessantes dentro das salas de aula, que gerem discussões, questionamentos, investigação; para isso as intervenções devem ser planejadas, com objetivos e metas. Os alunos têm que ser capazes de criar estratégias para pensar cientificamente e não apenas decorar conteúdos científicos, mas para isso, os professores devem ser capazes também.

Para Vygotsky as palavras são a mediação do pensamento, é a partir delas que nos relacionamos com mundo ao nosso redor e vamos dando sentido a ele. Assim, o dialogo dentro da sala de aula é fundamental; as intervenções dos professores devem possibilitar as discussões dentro da sala, deixando que os alunos compartilhem suas experiências e pensamentos. O ensino de ciências que possibilita esse caminho é o por investigação, que proporciona aos alunos a possibilidade de interagir, explorar e experimentar o mundo natural, sendo o papel do professor o de guiar as investigações propondo situações-problema. As investigações possibilitam a construção do conhecimento de cada sujeito, ao mesmo tempo em que ele o confronta “com a significação social das ideias em circulação” e dos colegas da turma.

Bibliografia

LIMA, Maria Emília Caixeta de Castro; MAUÉS, Ely. Uma releitura do papel da professora das séries iniciais no desenvolvimento e aprendizagem de ciências das crianças. Ensaio, v. 08, n.02, p.161-175, dez., 2006.


Resenha realiza na disciplina Metodologia de Ciências em setembro de 2011.

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