“O sujeito que aprende é
aquele que se dispões a significar o mundo e confrontar suas explicações com a
dos outros” (pg. 171)
A frase destacada do texto é na verdade um conceito,
uma perspectiva de educação que todo o texto é baseado. O que os
professores sabem? O que os professores devem saber? O que deve ser ensinado no
ensino de ciências nas séries iniciais? Essas são as principais perguntas das
pesquisas de ensino e formação de professores no ensino de ciências. Segundo os
autores devemos mudar o foco dessas perguntas e nos perguntamos em que consiste
ensinar ciências e como que objetivo se ensina ciências para as crianças.
No texto são destacadas duas
concepções de educação, que geram consequentemente, duas formas de analisar o
ensino, de formar professores e de práticas pedagógicas. A concepção
behaviorista, comportamental, surge a partir dos anos 60 e acredita na educação
como uma relação de processo e produto, na medida em que avalia o ensino pela
ação docente e na aprendizagem do aluno. A partir dos anos 80, as pesquisas passam a ter um enfoque
cognitivista, que busca compreender as inúmeras estratégias de ensino na pratica
dos próprios professores, para que em sua formação façam um diálogo sobre elas.
A maioria das pesquisas sobre o ensino de ciências nas
séries iniciais acredita que o conhecimento dos professores é escasso, buscando
recursos mecanicistas e sem valor dentro das salas de aula, deixando de lado
atividades experimentais que geram diálogo e questionamento dos conteúdos.
Algumas pesquisas acreditam que os problemas metodológicos das aulas provêm da
falta de confiança dos professores, por eles não terem conhecimentos sobre
ciência, e dessa forma, dão uma formação com enfoque nos conteúdos do ensino de
ciências. Mas só ensinar ciências para os professores vai melhorar o ensino? Há
pesquisas que indicam não existe muita diferença de aprendizagem entre as aulas
de professores generalistas e especialistas, mas há também pesquisas que
indicam que professoras com conhecimento escasso são capazes de ensinar seus
alunos de maneira satisfatória.
Segundo os autores não é o conhecimento do conteúdo
que faz com que os professores sejam capazes de ensinar, acreditam que as
pesquisas devem focar seus estudos no que os professores já conhecem e precisam
ampliar, ao em vez de ficar ressaltando o não saber. A partir da concepção de
educação sócio-interacionista de Vygotsky, os autores acreditam que o papel do
professor deve ser o de mediar o processo de aprendizagem dos alunos,
possibilitando o conhecimento de conceitos científicos a partir de conceitos
cotidianos. Assim, os professores das séries iniciais não tem que ter conhecimentos
específicos sobre ciências, mas devem ter saberes sobre “o mundo das crianças e
de seus modos de pensar, dizer e aprender” (pg. 170). Somente a partir desses
saberes os professores poderão fazer intervenções interessantes dentro das
salas de aula, que gerem discussões, questionamentos, investigação; para isso
as intervenções devem ser planejadas, com objetivos e metas. Os alunos têm que
ser capazes de criar estratégias para pensar cientificamente e não apenas
decorar conteúdos científicos, mas para isso, os professores devem ser capazes
também.
Para Vygotsky as palavras são a mediação do
pensamento, é a partir delas que nos relacionamos com mundo ao nosso redor e
vamos dando sentido a ele. Assim, o dialogo dentro da sala de aula é
fundamental; as intervenções dos professores devem possibilitar as discussões
dentro da sala, deixando que os alunos compartilhem suas experiências e
pensamentos. O ensino de ciências que possibilita esse caminho é o por
investigação, que proporciona aos alunos a possibilidade de interagir, explorar
e experimentar o mundo natural, sendo o papel do professor o de guiar as
investigações propondo situações-problema. As investigações possibilitam a
construção do conhecimento de cada sujeito, ao mesmo tempo em que ele o
confronta “com a significação social das ideias em circulação” e dos colegas da
turma.
Bibliografia
LIMA,
Maria Emília Caixeta de Castro; MAUÉS, Ely. Uma releitura do papel da
professora das séries iniciais no desenvolvimento e aprendizagem de ciências
das crianças. Ensaio, v. 08,
n.02, p.161-175, dez., 2006.
Resenha realiza na disciplina Metodologia de Ciências em setembro de 2011.
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