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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Fichamento - "Corpos Dóceis" Foucault


O capítulo Corpos Dóceis do livro “Vigiar e Punir” fala sobre o corpo, sobre as maneiras e os instrumentos utilizados para controlar e disciplinar o corpo. O corpo é um objeto de estudo de poder, de fascinação, de limitação, de obrigação, um corpo que pode ser manipulado, modelado, treinado, que obedece, responde e se torna hábil.
A partir do século XVIII, a forma de estudar o corpo mudou e priorizou-se a forma de controla-lo, de exercer poder sobre ele. Através das disciplinas o corpo se torna submisso e útil: docilidade; as disciplinas eram os métodos que permitiam o controlo minucioso das operações do corpo, que realizavam a sujeição constante de suas forças. As disciplinas, entendidas dessa maneira, foram implementadas simultaneamente nas escolas, nos hospitais e no exército: é o esquadrinhamento do corpo ao tempo e ao espaço.
A disciplina segundo Foucault é uma anatomia política do detalhe, uma mecânica do poder; para o homem disciplinado nenhum detalhe é indiferente, pois através dele é possível uma pessoa dominar a outra. A disciplina procede e primeiro lugar à distribuição dos indivíduos no espaço, a partir de delimitações espaciais se aumenta o controle, o poder do mais forte sobre os mais fracos.
A partir de 1762 o espaço escolar se torna uma máquina de ensinar, vigiar, hierarquizar e recompensar, pois as classes passam a ser homogêneas, as filas entram em uso e se tornam uma maneira de separar os alunos de acordo com suas capacidades, e as salas são divididas por idade. Segundo Foucault, o tempo passa a ser capitalizado, a atividade era controlada pelo horário, pela “elaboração temporal do ato” (FOUCAULT, p.177), pela relação entre o gesto e a atitude geral do corpo, pela articulação do corpo-objeto e pela utilização exaustiva do mesmo. Com essa noção do tempo surge também a divisão dos assuntos de cada matéria, as avaliações e as séries.
Foucault resume então que a disciplina produz nos corpos que controla uma individualidade que possui quatro características: ela é celular (espacial), é genética (tempo), é orgânica (atividades) e combinatória (composição das forças).


FOUCAULT, Michael. Vigiar e punir: nascimento da prisão; tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis, Vozes, 1987. p 162 - 194.

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