O capítulo Corpos Dóceis do
livro “Vigiar e Punir” fala sobre o corpo, sobre as maneiras e os instrumentos
utilizados para controlar e disciplinar o corpo. O corpo é um objeto de estudo
de poder, de fascinação, de limitação, de obrigação, um corpo que pode ser
manipulado, modelado, treinado, que obedece, responde e se torna hábil.
A partir do século XVIII, a
forma de estudar o corpo mudou e priorizou-se a forma de controla-lo, de
exercer poder sobre ele. Através das disciplinas o corpo se torna submisso e
útil: docilidade; as disciplinas eram os métodos que permitiam o controlo
minucioso das operações do corpo, que realizavam a sujeição constante de suas
forças. As disciplinas, entendidas dessa maneira, foram implementadas
simultaneamente nas escolas, nos hospitais e no exército: é o esquadrinhamento
do corpo ao tempo e ao espaço.
A disciplina segundo
Foucault é uma anatomia política do detalhe, uma mecânica do poder; para o
homem disciplinado nenhum detalhe é indiferente, pois através dele é possível
uma pessoa dominar a outra. A disciplina procede e primeiro lugar à
distribuição dos indivíduos no espaço, a partir de delimitações espaciais se
aumenta o controle, o poder do mais forte sobre os mais fracos.
A partir de 1762 o espaço
escolar se torna uma máquina de ensinar, vigiar, hierarquizar e recompensar,
pois as classes passam a ser homogêneas, as filas entram em uso e se tornam uma
maneira de separar os alunos de acordo com suas capacidades, e as salas são
divididas por idade. Segundo Foucault, o tempo passa a ser capitalizado, a
atividade era controlada pelo horário, pela “elaboração temporal do ato”
(FOUCAULT, p.177), pela relação entre o gesto e a atitude geral do corpo, pela
articulação do corpo-objeto e pela utilização exaustiva do mesmo. Com essa
noção do tempo surge também a divisão dos assuntos de cada matéria, as
avaliações e as séries.
Foucault resume então que a disciplina produz
nos corpos que controla uma individualidade que possui quatro características:
ela é celular (espacial), é genética (tempo), é orgânica (atividades) e
combinatória (composição das forças).
FOUCAULT, Michael. Vigiar e punir:
nascimento da prisão; tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis, Vozes, 1987. p
162 - 194.
Muito bom pensamento!Parabéns pelo blog!
ResponderExcluirMe ajudou bastante!
Valeu!
Paz e Bem!