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sábado, 12 de junho de 2010

Hannah Arendt e os gregos

   A partir da pergunta “A liberdade educa, ou a educação liberta” o Prof. Dr. José Sérgio Fonseca de Carvalho (FEUSP) faz uma reflexão sobre esses dois conceitos, se baseando principalmente no pensamento de Hannah Arendt. Mas a palestra aconteceu na Semana de Estudos Clássicos, cujo tema foi Paideia e Política, e a principio podemos nos fazer uma pergunta: como Hannah Arendt, educação e liberdade se aproximam dos gregos?

   Para encontrar um ponto comum entre Arendt e os gregos é preciso antes entender sua visão sobre educação e liberdade. O professor percorreu um caminho interessante para chegar a esse ponto, pensando antes de tudo nos conceitos de liberdade e de educação.

   No meio educacional é muito comum escutarmos que a ação educativa liberta, que um dos maiores fins da educação é a liberdade. Mas que liberdade é essa? Liberdade e educação são termos polissêmicos, mas a principio foram apresentadas duas noções de liberdade: a dos modernos e a dos antigos. A liberdade dos antigos é liberdade política, ou seja, os homens livres são aqueles que possuem os direitos da cidadania. A liberdade moderna, a “liberdade negativa”, é traduzida por liberdade civil, o direito de cada um de ir e vir, o direito de se expressar e etc.

   A variedade do termo liberdade traz suas conseqüências para o meio educacional, segundo o professor. As “pedagogias da autonomia” se utilizam da liberdade moderna, afirmando que os alunos devem ter a “liberdade” de escolher aquilo que querem estudar, e como querem fazê-lo. É a idéia do autogoverno, do professor como mediador. A principal conseqüência é que a liberdade passa a ser então um instrumento da pedagogia, é uma ferramenta pedagógica que promete transformar seus alunos em “críticos”, “pensadores”...

   Essa perspectiva vai contra ao pensamento de Hannah Arendt. Para ela a liberdade é política, como para os gregos. A educação não deve ser política, não deve fazer parte do mundo político, já que ela é a transição da vida familiar para a vida adulta. Ela jamais conceberia, no meu ponto de vista, a nossa liberdade colocada na escola. Para Arendt a responsabilidade do adulto, como do educador, é apresentar para os “novos no mundo”, as crianças o velho mundo só dessa forma eles serão capazes de transformá-lo.

   Assim o ponto de aproximação de Arendt com os gregos é justamente a política. Primeiro sobre a questão da liberdade, já que entendiam a liberdade como coletiva, e não com individual para os modernos. É a partir desse ideal de coletivo que entendem também a educação. Ela deve proporcionar uma formação que crie homens livres (no sentido antigo), ou seja, homens comprometidos com a política, com o coletivo.


Texto realizado na disciplina Filosofia, Cultura e Educação em Maio/10

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